O encontro reuniu médicos, legisladores e representantes da saúde para debater soluções para o enfrentamento das doenças de pele, que afetam uma parcela significativa da população brasileira
A Câmara dos Deputados sediou, nesta terça-feira (12), o II Simpósio de Doenças Crônicas de Pele, promovido pela Psoríase Brasil e a Frente Parlamentar pelas Doenças Crônicas de Pele do Congresso Nacional. Aberto ao público, o evento reuniu médicos especialistas, legisladores, associações de pacientes e representantes da saúde para debater os desafios e avanços no tratamento da psoríase, dermatite atópica (DA), hidradenite supurativa (HS), urticária crônica espontânea (UCE) e vitiligo — doenças que afetam um grande número de brasileiros. A iniciativa visa fortalecer a rede de apoio aos pacientes, promover a conscientização e buscar soluções do Legislativo e do Ministério da Saúde para melhorar a qualidade de vida das pessoas com doenças crônicas de pele.
A abertura do simpósio ficou a cargo do presidente da Frente Parlamentar, deputado Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR), junto a Gladis Lima, presidente da Psoríase Brasil, que abordaram o trabalho da FP em 2024. Zé Haroldo fez um forte discurso, discorrendo sobre as dificuldades nos diagnósticos, tratamentos e medicamentos através do Sistema Único de Saúde – SUS, e afirmou que a situação atual revela um grande vazio de políticas públicas e o descumprimento de direitos fundamentais, garantidos pela Constituição. Em sua fala, a presidente da Psoríase Brasil apresentou dados alarmantes sobre os desafios enfrentados por pacientes com doenças crônicas de pele. Segundo Gladis Lima, 77% dos portadores de psoríase relatam impactos diretos na vida profissional e acadêmica, e 16% dos pacientes com HS esperam mais de dez anos por um diagnóstico preciso. Ademais, 62% dos acometidos pela UCE enfrentam dificuldades nas relações interpessoais, e 40% dos portadores de vitiligo evitam espaços públicos pelo estigma. “Esses dados mostram a urgência de melhorar o diagnóstico e tratamento, oferecendo acesso ágil e eficaz. Precisamos de ações que promovam a conscientização e a inclusão para acolher e respeitar essas pessoas”, enfatizou ela.
Além deles, três médicas também participaram do simpósio para discutir as barreiras no enfrentamento destas doenças. A reumatologista Dra. Jamille do Nascimento destacou estudos que abordam o impacto dessas condições na qualidade de vida dos pacientes, ressaltando a importância de diagnósticos precoces e tratamentos mais acessíveis. Já a dermatologista Dra. Leticia Oba (especialista em psoríase) expôs o peso do estigma e da desinformação, que muitas vezes atrasam o diagnóstico e dificultam o acesso ao tratamento adequado. Por fim, a médica pediatra Valéria Botan, especialista em alergia e imunologia, trouxe dados sobre o impacto da dermatite atópica em crianças e adolescentes. Durante a apresentação, ela se comoveu ao mencionar relatos emocionantes de pacientes. “Só quem se doa para os seus pacientes entende o que é essa dificuldade e entende a importância de irmos em frente”, ressaltou a doutora, defendendo a urgência de estratégias de prevenção e cuidado contínuo.
Diante das exposições e cobranças do simpósio, a Coordenadora Geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (MS), Carmen Moura dos Santos, enfatizou que a atualização dos protocolos clínicos é uma prioridade para o Ministério, e que o processo de revisão e incorporação de novas diretrizes já está em andamento para oferecer acesso mais rápido e adequado aos tratamentos. Em sua fala, também destacou a importância de um esforço conjunto com a sociedade civil para aprimorar essas políticas, assegurando que os pacientes recebam o atendimento digno e de qualidade que merecem.
O encontro de Brasília/DF reforçou a necessidade de ação por parte do poder público, buscando fortalecer o diálogo entre a sociedade, profissionais de saúde, legisladores e o Ministério da Saúde a fim de promover avanços no tema.
Assista à reportagem da TV Câmara sobre o evento.